Este protocolo visa apresentar os critérios e o algoritmo para o diagnóstico e o tratamento das disfunções sexuais femininas (DSFs) de acordo com os critérios da Classificação Internacional das Doenças (CID-10) utilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. A classificação e os conceitos do DSM-V são utilizados para complementar a CID-10.
Os problemas sexuais em mulheres são prevalentes e estão frequentemente associados ao desconforto pessoal e à piora na qualidade de vida. Um estudo do comportamento sexual nos Estados Unidos, envolvendo aproximadamente 1.749 mulheres com idade entre 18 e 59 anos, relatou prevalência de 43% das disfunções sexuais femininas. Os problemas sexuais mais frequentes foram: diminuição do desejo (33%), dificuldade em atingir o orgasmo (24%) e problemas com a lubrificação vaginal (19%). Em um estudo brasileiro de base populacional, realizado em sete estados, com 2.835 indivíduos maiores de 18 anos, sendo 53% mulheres, a maioria entre 26-40 anos, 34,6% das mulheres referiram falta de desejo sexual e 29,3% tinham dificuldades para atingir o orgasmo. As disfunções sexuais aumentam com o avanço da idade, para 47,0%, entre 41 e 60 anos, e para 73,0%, para maiores de 61 anos.